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domingo, 25 de julho de 2010

O inverno e suas múltiplas personalidades






Em qualquer lugar do Brasil, o verão é previsível: quente, abafado, melecado, calorento. Já o inverno tem mais personalidade. Mais de uma, inclusive. Essa estação do ano é um prato cheio para uma junta psiquiátrica, tamanha é sua instabilidade emocional.

O inverno é tantos que deveria receber um nome específico em cada região. Enquanto o pessoal do Sul investe nas lareiras e estufas, os cariocas acham que uma quedinha na temperatura é motivo suficiente para tremer o queixo e se jogar na manga longa. Já a turma do Nordeste chama de inverno o vento e a chuva. Para eles, faz sentido. E nos outros Brasis? Cada um define do seu jeito essa estação maluca e se protege como achar melhor.

Para os amigos do Tocantins, eu explico: o inverno é basicamente nariz entupido. Constantemente. Irritantemente. Três longos meses fungando e monopolizando os lenços de papel das farmácias e supermercados. O espirro vira quase um cumprimento entre os alérgicos. A tosse seca acorda os vizinhos. Os resfriados são semanais, tipo a missa de domingo. As meias, luvas e cachecóis estão sempre na despensa, à la feijão e arroz. Pessoas de respeito vestem-se como uma cebola, somando diferentes camadas de roupas que serão retiradas e recolocadas ao longo do dia. Isso pode parecer um pouco esquizofrênico, mas culpe o inverno.

Mesmo assim, ele tem suas vantagens. Botas, por exemplo. Lindas, absurdas, poderosas. Perfeitas para usar com as meia-calças da moda. E casacos que mais parecem um abraço apertado. Se o termômetro cai, o jeito é abrir um vinho tinto para esquentar o coração. De noite, as camas e cobertores se transformam em bunkers protegidos. E tomara que seu pé gelado encontre um pé bem quentinho embaixo do lençol. Isso tudo em uma semana, porque na outra pode ter calorão inesperado. Mulheres, direto para a depilação! Esfria, esquenta, chove, esfria, esquenta. Haja saúde e guarda-roupa adequados.

Depois que a gente se acostuma com essas múltiplas personalidades, a vida segue seu ritmo. Tem uma coisa que eu acho uma delícia: em um dia típico de inverno, suspirar e dizer que você está louquinha de saudades do verão. A eterna insatisfação humana!

Nós também somos cíclicos. Deve ser por isso que sobrevivemos aos invernos.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Os amanhãs.

A gente gosta de postergar, adiar, se amarrar, deixar para um amanhã que nunca é 24 horas depois. Só pode ser isso. As coisas chatas, faz sentido: o regime, o banco, a revisão no dentista, a lavagem do carro, a porta que range (amanhã eu dou um jeito, com sorte no Dia de São Nunca).
Mas o que explica adiar as coisas boas? Os projetos, os desejos, os convites inesperados. Tem gente que passa anos adiando uma viagem, vê se pode. E não é por falta de dinheiro.
Sempre que adiamos algo, dá uma falsa sensação de ganhar tempo. Por isso o conceito Just do it da Nike é tão genial e atemporal - ele é uma voz interior, o empurrão que todo mundo precisa. Seja no esporte ou na vida.



(Magali Moraes)

cine Paradiso

  • Amelie Poulain