Vinte e seis do dez de setenta e três, pra início de conversa. Não fui presa durante a ditadura, não participei da semana de 22, não assisti à copa de 70, mas vi a seleção dos sonhos de 82, fui ao Rock in Rio e chorei a morte do Kurt Cobain. Tentar escrever é virar uma máquina fotográfica para si mesmo.
Agradeço já a todas as pessoas que eu ainda vou conhecer na vida. Guardem com carinho essa parte minha que já está com vocês, que eu estou chegando para buscá-la.
Gosto de pessoas. Gosto de PS: no fim das cartas, de apelidos e de pagar meia no cinema. De arrumar a mala, de partir e chegar, de deixar pra lá. Gosto de gostar. Gosto que exista um filme como O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Uma música como Fascinação, e um lugar com o CEP 16300-000, evento de poesiadançateatroemúsica e chope e amigos e vida inteira aqui de Penápolis. Pra início de conversa.
Ando com vontade de escrever cartas para as pessoas que eu amo. Só para dizer que amo, para fechar algum parêntese aberto, para conjugar verbo em conjunto. Pra passar a faca na barriga das minhas sentimentalidades e deixar vazar. Cartas longas, cheias de palavras, de nomes, de lembranças, de cores, coisas e lugares. Cartas com “pensamentos soltos, traduzidos em palavras para que você possa entender”.
Todo mundo que nasce devia ganhar de cara uma capa de revista e um Globo Repórter. Ando me apaixonando pelas pessoas que sempre amei. Pai, Mãe, Eduardo, João, Ricardo, Sérgio, Cleide, Gabriel, André, Mário, Juliana, Camila, Ângelo, Elisabeth, Maria Eduarda, Márcio, Karina, Claudia, Fabiano, Carla, Gilza, Alex, Miriam, Dani, Regina, Andréia, Carol, Grasiele, Renata, Márcia, Cissa, Mirele, Aline, Rafa, Roberta, Cecília, Carlos, Maria, Valéria, Lucas, Fernanda... (coloque aqui o nome das suas pessoas). Minha própria seleção brasileira. Um circo tropicalista antropofágico anarquiconservador onde todo mundo é herói e vilão, leão e domador ao mesmo tempo. Cada um de vocês merece uma biografia completa em nove volumes. É muito bom descobrir uma mina de ouro no brilho dos olhos.
Recomendo o prazer de ter amigos. Recomendo homenagens sem motivo.
Ando tomando rumos, ando à toa, ando cantando, ando pelas madrugadas, ando gostando até gastar.
Bom mesmo é andar descalço,andar de mãos dadas.
(Débora)
Nenhum comentário:
Postar um comentário